segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Tricampeonato da Justiça

Esperei passar um pouco a euforia que se instala após um triunfo no futebol. Tendo vivido dentro de campo a conquista da Copa do Brasil em 2007, não sabia qual seria a exata emoção que sentiria dessa vez unicamente como torcedor. Obviamente, nas conquistas antes de 2000, quando entrei no Fluminense, tive as minhas reações de total euforia, loucura, chegava a ficar tonto de tanta adrenalina. Lembro que em 1985 cheguei a ser atropelado na comemoração no Clipper no Leblon. Nada aconteceu e ainda tive que proteger a atropeladora ira da torcida.

Depois do gol de barriga do Renato Gaúcho, nem o mais pessimista torcedor imaginava o que estaria por vir. O final do século passado foi de tristeza, decepções, erros crassos de administração e, consequentemente, a perseguição por parte da mídia e dos outros clubes ao nosso Fluminense que foi constantemente humilhado. Elegeram o Fluminense como vilão da imoralidade, esquecendo os inúmeros absurdos e “viradas de mesa” no passado de outros clubes, das manobras, dos Ivens Mendes, etc….

Ao jogar a Terceira Divisão nacional sabia que era realmente o fundo do poço. Diria que a nossa estreia em Nova Lima (MG) com derrota, numa verdadeira batalha campal contra uma despreparada policia mineira foi o momento que eu senti que nada pior poderia acontecer. Na época, sequer pensava em ser médico do clube, mas fui à maioria daqueles jogos que nos faziam amar mais o clube, apesar de perguntar o porquê de tanta injustiça com uma agremiação linda e uma torcida ímpar. Será que só os nossos dirigentes foram incompetentes?

Outra distorção histórica é culpar o Fluminense de ter subido direto a série A. Quem afirma isso nada entende do assunto. A Copa João Havelange não foi criada para ajudar o Fluminense, mas sim para resolver a lambança criada para manter o Botafogo e Internacional na Série A e rebaixar o Gama. Para evitar uma batalha jurídica campal foi criada a Copa JH, onde para compor a competição, incluíram o Fluminense, Bahia e São Caetano. Ressalto que nada teria acontecido no caso do Botafogo e do Internacional não estarem a pique. Teríamos jogado a Série B e certamente com êxito.

Tivemos perto da conquista de títulos nacionais por diversas oportunidadas, mas incompreensivelmente estivemos também perto de novos rebaixamentos. A nossa torcida se tornou a mais ansiosa, desesperada e crítica, não tendo paciência para nada. Acho que do ponto de vista humano é justificável pelos anos de tristeza. Mas, isso passou. Fomos campeões da Copa do Brasil em 2007 e por pouco não conquistamos a Libertadores. O título infelizmente não veio, mas a nossa torcida naqueles jogos contra o São Paulo, Boca Juniors e LDU fez a festa mais linda que o futebol já presenciou. Nada jamais vai se comparar com a beleza, a união e a força daqueles jogos. Ali ficou claro que conquistarmos o Brasil era questão de tempo.

É, pessoal e esse tempo chegou; veio o Muricy Ramalho, um dos melhores treinadores com quem tive a honra de trabalhar, mesmo que por pouco tempo. Conca jogou 38 jogos e mostrou que o futebol argentino é realmente fascinante (me desculpem aqueles que não gostam, mas Maradona, Messi, Kempes e Conca são ídolos de quem ama o futebol). Um time que tem um meia esquerda habilidoso, que joga todo um campeonato , tomando dois cartões amarelos e não sendo abatido, mesmo eventualmente machucado, merece divinamente ser o ganhador. E fomos…. Thanks GOD !!

Mas assume agora um novo presidente, Peter Siemsen, e sei das dificuldades que ele vai encontrar. O nosso clube não pode voltar a parar no tempo. Ora, se o Muricy já mostrou que sabe tudo do assunto, vamos aceitar quando ele exige uma estrutura digna da história e do valor do Fluminense. Como médico, vou sempre lembrar: Não esqueçam do Departamento Médico! Não lembrem dele apenas para cobrar, para exigir ou quando as coisas vão mal, mas ofereçam a ele o mínimo de dignidade e respeito, coisas que esse ano faltaram. O presidente e a coordenação do futebol não podem deixar um departamento tão importante vulnerável e sujeito a todo tipo de críticas de dentro e de fora do clube. É um tirambaço no próprio pé. Lembrem que os resultados positivos não podem evitar com que os erros sejam reparados. Queremos conquistar mais e mais, queremos a hegemonia no futebol e, para isso, muito trabalho será ainda necessário. Boa sorte Peter nessa empreitada!!

Parabéns a todos os jogadores, incluindo aqueles que foram para outros paises, à toda comissão técnica, à nossa patrocinadora Unimed e, principalmente, à nossa torcida que soube sofrer, cobrar, esperar e se apaixonar cada vez mais pelo nosso querido FLUMINENSE.


Saudações Tricolores com muita fé no título do Campeonato Brasileiro de 2011!

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