quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Departamento Médico de um clube de futebol I

Refletindo como deveria ser o primeiro assunto do meu blog, me pareceu óbvio que falar sobre como funciona (ou deveria funcionar) o departamento médico (DM) seria o mais indicado. Tendo trabalhado na coordenação médica do Fluminense por quase 10 anos e interagindo com a mídia e com a torcida, é muito evidente que as pessoas não tenham ideia da rotina, responsabilidades, cobranças e atitudes dos profissionais responsáveis pela saúde dos jogadores.

Apesar de só ser lembrado nos momentos críticos, o DM desempenha um papel fundamental, desde a admissão do mesmo e principalmente no dia a dia. Talvez muitos não saibam, mas o contrato de um jogador é assinado pelo presidente do clube, pelo atleta e pelo médico. Infelizmente, a cultura do futebol cria grande empecilhos para trabalhos preventivos onde os médicos e fisioterapeutas são na maioria das vezes excluídos.

Irei abordar no blog inúmeros tópicos para que aqueles interessados passem a ter uma noção correta da função de cada profissional e até onde vai a responsabilidade do médico. Já para as pessoas começarem a refletir vai a seguinte pergunta: Alguém acha que depois de liberado do DM o atleta vai direto para o campo jogar? Existe portanto o papel de outros profissionais e seus respectivos trabalhos até um jogador ser liberado para um coletivo e, principalmente, para um jogo. Isso gera uma responsabilidade obviamente dividida e jamais individualizada.

O DM de um clube é formado pelos médicos, fisioterapeutas, nutricionista, massagistas, e em muitos clubes psicólogos, dentistas e enfermeiros. O coordenador tem como função organizar e dirigir a interação entre todos esses profissionais, objetivando o bem estar do atleta e a cura dos inúmeros problemas decorrentes do esporte.

As relações mais complexas dos membros do DM são com os demais profissionais da comissão técnica (fisiologista, preparadores físicos treinador e seus auxiliares), com os dirigentes, a mídia e ao meu ver com os torcedores. O problema é que essas pessoas são leigas na área médica e, obviamente, não tem de longe a noção exata das lesões, apesar de alguns se acharem conhecedores por estarem no futebol há anos.

Infelizmente, trabalhar no futebol, mesmo que por longo tempo, não credencia ninguém a entender a realidade dos problemas médicos. Temos, no entanto, que compreender a ansiedade do treinador, a frustração dos dirigentes, quando arcam com salários altos e não podem contar com um jogador, e da torcida, ansiosa e divinamente passional, essência básica do futebol.

O maior exemplo dessas dificuldades é a comparação feita entre atletas diferentes com lesões também diferentes, gerando críticas nos olhos de quem entende de medicina despotiva absurdas. Seria como banalizar a medicina. Comparar resultados de tratamentos entre diferentes seres humanos contraria conceitos básicos da medicina, não somente no esporte, mas no dia a dia dos ambulatórios e consultórios medicos.

Tendo feito esse tópico como introdução no próximo abordarei como é o dia a dia dos profissionais do DM, contusões mais frequentes e responsabilidade de cada profissional.

É um prazer ter a oportunidade de abordar esse assunto somente lembrado em momentos delicados.

Saudações Tricolores com muita fé no título do Campeonato Brasileiro de 2010!

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