terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Departamento Médico de um clube de futebol II

O dia a dia dos membros do departamento médico é muito mais amplo e agitado do que a maioria das pessoas pode imaginar. O número de atendimentos médicos é alto já que além das contusões do esporte, temos que tratar as situações clínicas inerentes ao ser humano. Gripes, problemas intestinais, dermatológicos, alérgicos são talvez as situações não ortopédicas mais frequentes nos atletas. No entanto, a gama de medicações se torna mais restritas já que existem inúmeras medicações não permitidas pela Comissão de Controle de Doping da CBF.

Ser associado a um plano de saúde (no caso do Fluminense, a Unimed) é fundamental por nos oferecer de forma rápida acesso a exames de imagem, hospitais e especialistas de diversas áreas da medicina de forma dinâmica sem espera. Nesse momento não posso deixar de agradecer em especial ao Dr. Alexandre Filippo, grande tricolor e dermatologista conceituado, que sempre atendeu de forma imediata nossos atletas e ao Dr. João Marcos Cavalcanti Filho, dentista fanaticamente tricolor, que sempre se dispôs, independentemente de horário, a atender nossos atletas.

Chegando ao clube sempre antes do horário de treinamentos, os atletas lesionados iniciam seus tratamentos. O fisioterapeuta e o médico presentes, normalmente com uma hora de antecedência, fazem as suas avaliações diárias na maioria das vezes em dois períodos. O DM é o único que funciona por motivos óbvios de forma ininterrupta sete dias por semana. Frequentemente o fisioterapeuta complementa tratamentos no próprio domicílio do atleta até de noite. Os atletas são igualmente orientados dia a dia sobre os cuidados necessários em casa para acelerar a cura das lesões. Boa alimentação sempre bem orientada pela nutricionista e repouso com noites bem dormidas são igualmente cruciais para a recuperação. No caso do Fluminense, a alimentação é muito bem orientada pela competente Dra. Renata Faro, que convive de forma intensa o dia a dia do clube e dos atletas.

Quando um atleta está machucado, tem sua lesão avaliada clinicamente e quando necessária complementada por um exame de imagem como a ressonância nuclear magnética , radiografias e ultrassom. A partir de um diagnóstico é feita uma programação objetivando a cura e entrega do atleta a preparação física. Essa programação pode ser modificada dia a dia de acordo com a resposta dos jogadores ao tratamento. Como qualquer paciente o limiar de dores dos atletas varia assim como o tempo de recuperação . Vejo frequentemente na midia ou entre os torcedores comparações sobre recuperação de jogadores. Me desculpem os que cometem esse equívoco mas é impossível comparações dessa natureza. Elas contrariam conceitos básicos da saúde ( esse assunto será aprofundado em outra oportunidade).

Do momento que o atleta está clinicamente recuperado, tendo cumprido todas as etapas da fisioterapia, ele é entregue à preparação física, responsável pelo retorno às condições físicas ideais e liberação para o treinador poder escalar o jogador. As relações entre o DM e Preparação Física muitas vezes esbarra nas pressões, na pressa ou no receio de liberar um jogador e na ansiedade que pode ocorrer com alguns profissionais envolvidos. O jogador tem nesse momento grande responsabilidade em definir seus sintomas e se está em condições de progredir no trabalho proposto. Lembro que o conceito de cura clínica em qualquer doença passa pelo desaparecimento dos sinais e sintomas e isso somente pode ser definido pelo paciente. Quando a relação DM-Preparação Física-jogador é quebrada os prejudicados são o clube e, consequentemente, a torcida.

Na próxima semana abordarei dois assuntos: como é feita a admissão de um atleta para um clube, assunto extremamente delicado e mal avaliado pela maioria das pessoas, e como é o dia do jogo para os membros do DM.


Saudações Tricolores com muita fé no título do Campeonato Brasileiro de 2010!

Comentários:
Parabens Dr Simoni pela coluna. Este assunto é cheio de mitos para os aficcionados por futebol, torcedor de qualquer clube. Se prepare para visitas dos rivais a sua coluna em busca deste tipo de conhecimento. Um grande abraço, Mauro. FLUZÃO RUMO AO TRI !!!
 
Muito legal os posts Dr.
Interessante saber o que acontece nos bastidores.

Abraços,
 
Excelente coluna, extremamente interessante, não só para quem é da medicina mas também para quem procura sempre estar informado sobre os bastidores do clube.

Parabéns aos idealizadores. Parabéns Dr. Simoni.
 
Parabéns amigo, como sempre vc arrebenta. abcs
 
Muito bom mesmo saber o fluxo operacional de um Dept médico.

Gostaria que você comentasse sobre a coluna do Jose Ilan hoje no globo.com,onde ele faz uma critica aos dept médicos do Palmeiras e do Fluminense.

Saudações tricolores.

Eudes Jr - Fortaleza/CE
 
oi Eudes...não li a coluna dele como crítica ... e sim como questionamento !
José Ilan é meu cliente há anos e conheço a linha dele....
o caso do Valdivia realmente intriga...mas o do Emerson não...duas contusões diferentes e ambas com gravidade....
no mais vira especulação e ele mesmo como filho de médico sabe que na medicina existem coisas que são pouco compreendidas
abs e ST
michael
 

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